Cumprindo a promessa com um pouco de atraso, aqui está um texto sobre o cinema de horror oriental.
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O Horror é um gênero cinematográfico que de tempos em tempos deleita de uma explosão de popularidade, ou adormecimento desta. Após uma década com um número reduzido de produções relevantes e de qualidade, o Horror, na primeira década do século XXI, volta a ser um dos gêneros mais populares do cinema. Foi o cinema oriental que apresentou (e também resgatou) argumentos para o novo horror. O esgotamento da temática sobre monstros e assassinos seriais, tão populares nos anos 1980, abriu espaço para o retorno do gore e do terror com fundamentos religiosos.
O mundo ocidental está acostumado com histórias baseadas no confronto entre o bem e o mal, Deus e o diabo, padres e demônios etc., nos quais existe uma oposição direta e uma parte deve vencer a outra. O cinema oriental trouxe uma nova forma forma de horror religioso, menos iconográfico, rodado em um ambiente rotineiro, cotidiano. A meu ver, o principal mérito dessa nova contextualização religiosa no cinema, é a queda do conceito de que um dos pólos deve vencer no final. Nesses filmes, o mal não pode ser destruído, no máximo pode ser "contornado".
Além disso, o público ocidental (principalmente das Américas) se identifica com os espíritos como "agente assustatório", já que práticas religiosas como o espiritismo, a santeria, o vudu, o candomblé, o daime e diversas outras se mostram presentes e enraizadas nas culturas de muitos países.
Além da temática religiosa, outra faceta do horror que o cinema oriental resgatou e que tem se popularizado nos últimos anos é o gore. O gênero que surgiu no Japão no ano de 1960 (o primeiro filme foi Jikogu, dirigido por Nobuo Nakagawa) e tornou-se característico do cinema italiano nas duas décadas seguientes, é marcado pela violência explícita e pela não existência de entidades sobrenaturais: todo o horror é causado pelo próprio homem. É esse gênero que acredito ser o mais inventivo do horror atual e gosto de classificar como "horror urbano". Diversas situações rotineiras no nosso presente mecanizado, informatizado, marcado pela volatibilidade de realacionamentos e que coloca a informação acima do conhecimento, são exploradas a fundo, gerando roteiros diversificados e os personagens mais profundos e complexos dentre todos os gêneros cinematográficos atuais. Acredito que futuramente a primeira década do século XXI será marcada por esta estética, assim como a de 1950 foi marcada pela ficção científica e a de 1960 pelos westerns.
O cinema de horror oriental, além de alcançar estrondosa visibilidade com gores como Ichi - O Assassino, O Pacto e Batalha Real; e "religiosos" como Espíritos, O Chamado e The Eye, está influenciando o retorno das produções gore na Europa, principalmente na França. Também é descaradamente "chupado" pelos ianques que já regravaram diversos filmes daquelas bandas.
O mundo ocidental está acostumado com histórias baseadas no confronto entre o bem e o mal, Deus e o diabo, padres e demônios etc., nos quais existe uma oposição direta e uma parte deve vencer a outra. O cinema oriental trouxe uma nova forma forma de horror religioso, menos iconográfico, rodado em um ambiente rotineiro, cotidiano. A meu ver, o principal mérito dessa nova contextualização religiosa no cinema, é a queda do conceito de que um dos pólos deve vencer no final. Nesses filmes, o mal não pode ser destruído, no máximo pode ser "contornado".
Além disso, o público ocidental (principalmente das Américas) se identifica com os espíritos como "agente assustatório", já que práticas religiosas como o espiritismo, a santeria, o vudu, o candomblé, o daime e diversas outras se mostram presentes e enraizadas nas culturas de muitos países.
Além da temática religiosa, outra faceta do horror que o cinema oriental resgatou e que tem se popularizado nos últimos anos é o gore. O gênero que surgiu no Japão no ano de 1960 (o primeiro filme foi Jikogu, dirigido por Nobuo Nakagawa) e tornou-se característico do cinema italiano nas duas décadas seguientes, é marcado pela violência explícita e pela não existência de entidades sobrenaturais: todo o horror é causado pelo próprio homem. É esse gênero que acredito ser o mais inventivo do horror atual e gosto de classificar como "horror urbano". Diversas situações rotineiras no nosso presente mecanizado, informatizado, marcado pela volatibilidade de realacionamentos e que coloca a informação acima do conhecimento, são exploradas a fundo, gerando roteiros diversificados e os personagens mais profundos e complexos dentre todos os gêneros cinematográficos atuais. Acredito que futuramente a primeira década do século XXI será marcada por esta estética, assim como a de 1950 foi marcada pela ficção científica e a de 1960 pelos westerns.
O cinema de horror oriental, além de alcançar estrondosa visibilidade com gores como Ichi - O Assassino, O Pacto e Batalha Real; e "religiosos" como Espíritos, O Chamado e The Eye, está influenciando o retorno das produções gore na Europa, principalmente na França. Também é descaradamente "chupado" pelos ianques que já regravaram diversos filmes daquelas bandas.
3 comentários:
bom o terror em geral me fascina mas hám filmes que deixam a desejar né...
Tem sim, mas todos os gêneros cinematográficos têm essas bombas. se a gente para pra pensar, quase tudo que é produzido, em qualquer área artística é muito ruim, temos é que filtrar as coisas boas. Acho que atualmente o meio artístico mais carente são as artes plásticas. A música também anda meios capenga, acho que a ultima coisa que surgiu e marcou época foi o Nirvana, banda que eu não curto muito...
Legal o seu texto, bem fundamentado, pesquisado e amarradinho!
O cinema japonês é muito forte em toda a Ásia, eu garanto, mas não é muito popular aqui na América ou na Europa.
Nos EUA existem alguns seguidores e até fã clubes de 'horror japonês' e 'filmes de catástrofes', mas ainda assim é um grupo muito seguimentado, muito pontual.
É isso.
Apareça mais uma vez lá no meu blog! Abçs
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