domingo, 4 de janeiro de 2009

Falta cinema para Glauber Rocha

Glauber Rocha é considerado o maior cineasta brasileiro, apresentando em sua filmografia diversas obras-primas. Entretanto após anos pesquisando e estudando cinema na universidade, percebi diversos fatores que colocam em dúvida sua canonização como gênio.

Não quero desmerecer o valor de Glauber, todavia, falta cinema à sua obra. Filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe, e A Idade da Terra contêm um profundo e relevante conteúdo de engajamento político, mas acredito ser necessário mais que isso para adquirir o status de semi-deus ostentado por Glauber frente à intelectualidade brasileira. O Realismo Socialista não sobreviveu por muito tempo e a noção de Sergei Eisenstein sobre um cinema autoral e artístico, sem a preocupação com o slogan do entretenimento é ultrapassada desde o início da década de 30 do século passado.

O cinema, na humilde opinião deste que vos escreve, deve ser o conjunto da arte com o entretenimento, e antes que me critiquem quero deixar claro que não vejo isso como uma desvalorização da arte, mas sim um meio de fazer esta, tão ausente no cotidiano do nosso mundinho “globalizado”, chegar à milhares (milhões? Bilhões?) de pessoas. Por isso considero uma enorme babaquice o inconformismo do todo poderoso Glauber ao ver seu burocrático A Idade da Terra derrotado pelo interessante Atlantic City de Louis Malle no Festival de Veneza de 1981.

Glauber “xingou” de hollywoodiano o filme de Malle, como se esta fosse a pior ofensa possível a ser proferida contra uma obra cinematográfica. Pena ele não ter vivido para apreciar obras como Matrix e Beleza Americana, dois “filmecos” hollywoodianos que coloco entre as maiores obras já produzidas pela sétima arte, com metáforas muito mais profundas que as de Terra em Transe, por exemplo, e nem por isso seus diretores Andy e Larry Wachowski e Sam Mendes são apontados como gênios.

Antes de terminar este post, quero dizer que o filme do Glauber que mais gosto é Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, um “nordestern” com um ritmo totalmente diferente do que já fora apresentado por este cineasta e, que infelizmente não gerou um novo subgênero no cinema nacional. Este também é um filme que o próprio Glauber disse não gostar muito pois “tem ação demais”. Curioso, não?


*Dicas:

1. Recomendo o artigo de Geo Euzebio no Cineplayers sobre Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro. Clique aqui

2. Para baixar o filme entre no blog Filmes Brasileiros (Download) clicando aqui.

Um comentário:

Aura Sacra Fames disse...

Gostei dos termos que você utilizou, retratam a realidade, pelo menos de alguma forma, e concordo com você a respeito de Matrix.

Abraços
aurasacrafames.blogspot.com